Uma das situações mais tristes que já vivenciei até hoje foi o furto procedido em minha escola.

Esse momento de angústia por ver com os próprios olhos a situação e constatar o que foi subtraído é muito doloroso...

Nós, que convivemos numa unidade escolar por muito tempo, vamos criando e aprofundando os vínculos com os colegas de trabalho, os funcionários, vendo os alunos crescerem, bem como com a comunidade local que passa a fazer parte da nossa rotina através do convívio diário no ir e vir de levar e buscar as crianças.

Encontrar nossos espaços revirados, com marcas de vandalismo é se sentir violado, ou seja, um impacto que nem sabemos mensurar, mas passamos a entender sua dimensão pois corta o coração.

Neste momento compreendemos o quanto a escola está dentro da gente, o quanto aquelas paredes e salas, embora que constituídas do mesmo material que qualquer obra realizada, se ressignifica porque nosso mecanismo interno passa a atribuir amor ao recurso físico inanimado.

Sentimos durante duas vezes nosso coração pulsar pelo prédio escolar, foram elas:

durante a pandemia quando ficamos impedidos de irmos à instituição e no momento da violação do furto.

Nos formamos professores, mas nos constituímos de fato na prática e esse exercício da docência, os erros e acertos, as trocas e experimentações acontecem nesse espaço de aprendizado e compartilhamento.

Muitos docentes viram a escola inaugurar e outros chegaram a bastante anos e essa intensidade da perda se torna incomparável e subjetiva a cada ser humano.

Ao encontrar uma colega na coordenadoria de educação, falei:

- Meus pêsames!

Eu sabia que a sua escola havia passado pelo mesmo problema que a minha...

A colega ouviu, acenou e segundos depois voltou-se para mim e disse:

- Olha, eu vi a sua mensagem no grupo de coordenadores do furto de sua escola e solidarizei-me, mas só consegui ter dimensão do que aconteceu quando eu passei pelo mesmo. É horrível! Uma sensação de impotência, muita tristeza! A gente fica abalada!

Esperamos que outros gestores não passem por situação semelhante, pois é duro demais e só sabe quem passa...